Jimi Hendrix: a revolução da guitarra em apenas quatro anos de carreira – Parte 1

Imagem ilustrativa criada com inteligência artificial.

Jimi Hendrix não é apenas mais um nome na história do rock. Em apenas quatro anos de carreira internacional, ele desmantelou todas as certezas da guitarra elétrica e reposicionou a forma de tocar, compor e performar no palco. Até 1966, era apenas mais um guitarrista de aluguel em clubes americanos. Depois de 1966, tornou-se a força da natureza que fez Eric Clapton, Pete Townshend e Jeff Beck reconhecerem que o Olimpo da guitarra nunca mais seria o mesmo.

Das ruas de Seattle aos palcos secundários

Infância difícil e refúgio na guitarra

James Marshall Hendrix nasceu em 27 de novembro de 1942, em Seattle, numa família desestruturada e marcada pela pobreza. Cresceu entre mudanças constantes e pouco apoio. A guitarra foi sua salvação. Com um violão barato, aprendeu de ouvido a reproduzir riffs de blues e R&B, criando um estilo pessoal que ignorava formalidades acadêmicas.

Os anos como músico de apoio

Antes da fama, Hendrix ralou. Tocou com os Isley Brothers e integrou a banda de Little Richard. É nesse período que surge um dos mitos mais repetidos: o de que Little Richard o teria mandado embora por “roubar a cena”. A versão documentada é mais prosaica — atrasos, desentendimentos sobre cachês e a decisão de Robert, irmão de Richard, de dispensá-lo em 1965. Ainda assim, o mito sobre “ser bom demais para ficar na sombra” colou e ajuda a entender a tempestade que estava prestes a chegar.

A mudança para Londres

O impacto imediato na cena britânica

A virada veio em 1966, quando Hendrix conheceu Chas Chandler, baixista dos Animals, que decidiu levá-lo para Londres. O cenário era perfeito: Beatles, Stones, The Who e Cream dominavam a cena, mas faltava alguém para bagunçar o jogo. Bastou Hendrix subir em alguns palcos londrinos para todos perceberem que estavam diante de algo nunca visto.

Jeff Beck, Clapton e Townshend diante do fenômeno

Jeff Beck foi um dos primeiros a alertar os amigos: havia um americano na cidade que tocava como ninguém. Clapton e Townshend foram conferir — e saíram atônitos. Clapton, então chamado de “Deus”, teria confessado a amigos que jamais tinha visto nada parecido. Townshend diria em entrevistas posteriores que Hendrix bagunçou completamente a escala de comparação: depois dele, todo mundo parecia tocar em preto e branco. A partir dali, a guitarra no rock nunca mais seria medida pelos mesmos parâmetros.

A formação da Experience

Noel Redding e Mitch Mitchell: os parceiros ideais

Foi nesse ambiente que nasceu a Jimi Hendrix Experience, com Noel Redding no baixo e Mitch Mitchell na bateria. A química foi imediata: o peso do rock britânico se fundiu à visceralidade do blues americano. O trio não só dava suporte — era a plataforma perfeita para Hendrix explodir em criatividade.

Poucos meses depois, tinham contrato, singles nas paradas e uma agenda lotada. O álbum de estreia, Are You Experienced? (1967), não foi apenas um lançamento: foi um terremoto cultural. O público britânico se rendeu, e a crítica entendeu que não se tratava de um “guitarrista talentoso”, mas de um fenômeno cultural que redefinia o rock.

Mas isso era só a primeira parte. Em breve, veremos como Hendrix incendiou palcos em Monterey, distorceu o hino americano em Woodstock e consolidou sua lenda em apenas três álbuns de estúdio.

Continue lendo em Jimi Hendrix: a revolução da guitarra em apenas quatro anos de carreira – Parte 2.


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Questões que não querem calar

1. Como Chas Chandler encontrou Hendrix?
Foi em Nova York, em 1966. Chandler, então baixista dos Animals, viu Hendrix tocar no Café Wha? e ficou impressionado. Decidiu levá-lo para Londres, convencido de que ali ele teria o público certo para explodir.

2. Hendrix foi mesmo demitido por Little Richard?
Sim, mas não pelo motivo mais glamouroso. Oficialmente, os atritos envolveram atrasos e disputas de pagamento. O mito de que Richard teria medo de ser ofuscado é mais lenda do que registro histórico.

3. Que guitarra Hendrix tocava no início da fama?
Ele ficou conhecido pelo uso da Fender Stratocaster, tocada invertida por ser canhoto. Esse detalhe não era apenas estético: a inversão alterava a tensão das cordas e a resposta dos captadores, contribuindo para seu timbre único.

4. É verdade que Hendrix estourava válvulas dos amplificadores?
Sim. Seus shows eram tão intensos que frequentemente queimava válvulas de Marshalls, além de destruir alto-falantes. O excesso de volume e distorção forçada fazia parte de sua estética sonora.

5. Londres teria sido a mesma sem Hendrix?
Provavelmente não. A cena britânica já era inovadora, mas a chegada dele obrigou Clapton, Townshend e Jeff Beck a repensarem seus limites. Hendrix não apenas participou: mudou a régua de comparação.


Por Rafael Drummond

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