Jimi Hendrix: a revolução da guitarra em apenas quatro anos de carreira – Parte 2

Imagem ilustrativa criada com inteligência artificial.

Se na primeira parte vimos a ascensão meteórica de Hendrix até Londres e a formação da Experience, aqui chegamos ao auge — e também ao fim abrupto de sua jornada. Entre 1967 e 1970, ele lançou três álbuns que mudaram para sempre a história do rock, incendiou palcos como Monterey e Woodstock, desafiou limites técnicos da guitarra e morreu cedo demais, deixando uma discografia curta e eterna.

A tríade explosiva de álbuns

Are You Experienced? (1967)

O primeiro álbum foi um choque elétrico. Com faixas como Purple Haze e Hey Joe, Hendrix apresentou ao mundo sua fusão de blues, psicodelia e agressividade sonora. O público britânico já estava rendido, mas quando o disco chegou aos Estados Unidos, a crítica entendeu que não se tratava apenas de um novo guitarrista: era a reinvenção do rock.

Axis: Bold as Love (1967)

Poucos meses depois, Hendrix mostrou que não era só pirotecnia. Em Axis: Bold as Love, explorou climas mais sutis, como em Little Wing, sem abandonar a intensidade. O disco foi recebido como prova de que ele também era compositor refinado, capaz de criar atmosferas e melodias delicadas em meio ao caos sonoro.

Electric Ladyland (1968)

O ápice criativo. Com produção mais sofisticada e liberdade total em estúdio, Hendrix entregou improvisos monumentais como Voodoo Child (Slight Return) e reinterpretações definitivas como All Along the Watchtower. Bob Dylan, autor da faixa, chegou a reconhecer que a versão de Hendrix era superior. Electric Ladyland consolidou sua imagem de alquimista sonoro, alguém capaz de transformar o estúdio em extensão da guitarra.

Palcos incendiários

No Monterey Pop Festival, em 1967, Hendrix sabia que precisava chocar. Comprou fluido de isqueiro, combinou com a equipe técnica e, ao final da apresentação, incendiou sua guitarra. O gesto foi planejado, mas o impacto foi visceral: ajoelhado diante das chamas, Hendrix transformou o ato em um ritual de sacrifício. Não era apenas espetáculo — era a prova de que ele estava disposto a destruir para criar.

Dois anos depois, em Woodstock (1969), entregou sua performance mais emblemática. Sua versão distorcida do hino americano se tornou um manifesto contra a Guerra do Vietnã, transformando microfonia em discurso político. Mais do que show, foi o som de uma geração em convulsão.

Os parceiros musicais

Apesar do protagonismo absoluto, Hendrix não estava sozinho. Mitch Mitchell, com sua bateria de influência jazzística, e Noel Redding, no baixo, sustentaram o caos criativo da Experience em 1967 e 1968. Em 1969, Noel saiu e Billy Cox assumiu o baixo, trazendo mais soul e funk. Essa troca alterou a sonoridade e abriu novas possibilidades — possibilidades que ficaram pela metade com a morte de Hendrix em 1970.

O fim precoce

A vida em rotação máxima cobrou o preço. Turnês exaustivas, drogas, álcool e a pressão para se manter como “o novo messias da guitarra” culminaram em tragédia. Em 18 de setembro de 1970, em Londres, Hendrix morreu sufocado no próprio vômito após ingerir vinho e comprimidos para dormir. Tinha apenas 27 anos, juntando-se ao fatídico “Clube dos 27” ao lado de Brian Jones, Janis Joplin e, pouco depois, Jim Morrison.

O legado imortal

Hendrix não deixou espaço para a decadência. Sua carreira foi curta, mas reta e incandescente. Clapton, Beck, Page — todos continuaram deuses, mas depois de Hendrix nenhum deles pôde subir ao palco sem a sombra dele por perto. Mais do que técnica, Hendrix ensinou que ruído também pode ser arte, que microfonia pode ser poesia e que a guitarra pode gritar como um animal vivo.

Esse é o fim. Mas, se você ainda não leu como tudo começou, volte à Parte 1 da revolução de Jimi Hendrix.


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Questões que não querem calar

1. Qual álbum teve maior impacto imediato?
Are You Experienced? abriu a porta, mas Electric Ladyland consolidou o mito.

2. Hendrix superou Bob Dylan em All Along the Watchtower?
O próprio Dylan admitiu: a versão de Hendrix transformou a canção em algo maior.

3. O incêndio da guitarra em Monterey foi planejado?
Sim. Hendrix comprou fluido de isqueiro e combinou com a equipe técnica. O gesto teatral virou ícone de entrega absoluta ao rock.

4. Woodstock foi seu maior momento ao vivo?
Para muitos, sim. O hino americano distorcido continua sendo a trilha definitiva do fim dos anos 60.

5. Que caminhos Hendrix poderia ter seguido em 1970?
Conversas com Miles Davis indicavam que ele queria fundir rock e jazz. Uma revolução abortada pela morte precoce.


Por Rafael Drummond

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