As piores decisões da história do Rock

Imagem ilustrativa criada com inteligência artificial.

O rock pode ser uma fábrica de sonhos, mas também é um celeiro de decisões equivocadas que fariam qualquer estagiário de gravadora corar de vergonha. Entre egos inflados, experimentações desastrosas e carreiras afundadas por pura teimosia, a história do gênero mostra que nem sempre os deuses do rock sabiam o que estavam fazendo.

Rolling Stones e o fiasco de Dirty Work (1986)

Em meados dos anos 80, os Stones estavam em crise. Mick Jagger preferia investir na carreira solo, enquanto Keith Richards não aceitava ver a banda em segundo plano. O resultado foi Dirty Work, gravado em clima de briga e lançado em 1986. A crítica foi impiedosa: o Chicago Tribune classificou como “o pior álbum da carreira”, e a recepção foi tão fria que a banda sequer saiu em turnê — algo inédito para um grupo que vivia da estrada. O disco alcançou o 4º lugar na Billboard 200, mas caiu rapidamente, e até hoje é lembrado como um ponto baixo. Só em 1989, com Steel Wheels, os Stones retomaram o status de gigantes.

Queen e o mergulho desastroso em Hot Space (1982)

Após o sucesso de The Game (1980), que vendeu mais de 4 milhões de cópias nos EUA, o Queen resolveu experimentar. Hot Space trouxe sintetizadores, grooves e influências de funk e disco, claramente inspirados em “Another One Bites the Dust”. Mas a aposta não colou. O single Body Language foi massacrado, alcançando apenas o 11º lugar na Billboard e desaparecendo rapidamente. A NME chamou o álbum de “erro de julgamento catastrófico”, e muitos fãs acusaram a banda de trair suas raízes rock. O impacto foi tão negativo que em The Works (1984) a banda voltou com força total ao hard rock, como quem pedisse desculpas.

Guns N’ Roses e a megalomania de Chinese Democracy

Poucas histórias ilustram melhor o caos criativo do rock do que a saga de Chinese Democracy. Iniciado nos anos 90 por Axl Rose, o projeto se arrastou por 15 anos, consumindo mais de US$ 13 milhões em estúdios, produtores e músicos descartados — um recorde no Guinness como “o álbum mais caro da história do rock”. Lançado em 2008, estreou em 3º lugar na Billboard 200 e vendeu 2,6 milhões de cópias mundialmente — um bom número, mas pífio se comparado aos 30 milhões de Appetite for Destruction. A crítica ficou dividida: a Rolling Stone deu nota 4/5, enquanto muitos veículos o acusaram de ser grandioso e vazio. Resultado: um disco mais lembrado pela novela de bastidores do que pela música.

Lou Reed e o suicídio comercial de Metal Machine Music (1975)

Lou Reed, já consagrado pelo Velvet Underground e pelo sucesso de Transformer (1972), surpreendeu fãs e gravadora ao lançar Metal Machine Music em 1975. O álbum duplo era composto apenas por uma hora de feedback e ruídos, sem melodias ou canções. A recepção foi desastrosa: a Rolling Stone chamou o disco de “um trote de mau gosto”, e milhares de cópias foram devolvidas às lojas. A RCA não sabia se tratava-se de uma piada ou de um gesto de rebeldia artística. Reed jurou depois que era sério, mas o fato é que o disco virou sinônimo de suicídio comercial e ainda hoje é citado como um dos maiores fiascos da história da música.


Você concorda com esta lista?

Esses casos não são simples tropeços: são lembretes de que o rock, mesmo sendo um dos movimentos culturais mais influentes do século XX, também está cheio de tiros no pé. O problema não é errar, mas acreditar que a coroa de “lenda” protege de críticas. Não protege.


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Questões que não querem calar

O Queen realmente se arrependeu de Hot Space?
Sim. Brian May e Roger Taylor já admitiram em entrevistas que o disco foi um erro de rota.

Por que Chinese Democracy demorou tanto para sair?
Axl Rose trocou dezenas de músicos e produtores, regravou faixas repetidas vezes e buscava uma perfeição que nunca chegou.

Lou Reed lançou Metal Machine Music como piada?
Ele sempre afirmou que não, mas a recepção negativa fez muitos acreditarem que foi uma vingança contra a gravadora.

Todos os álbuns citados foram fracassos de vendas?
Não. Alguns, como Dirty Work, venderam bem inicialmente, mas foram massacrados pela crítica e rejeitados pelos fãs com o passar do tempo.

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Por Bruno Falcão