
Imagem ilustrativa criada com inteligência artificial.
Depois do triunfo no Live Aid, Freddie Mercury poderia ter descansado. Já tinha se consagrado como o maior frontman do planeta. Mas sossego nunca fez parte de seu vocabulário. Entre álbuns solo polêmicos, turnês grandiosas e uma batalha silenciosa contra a saúde, seus últimos anos mostraram um artista que se recusava a sair de cena discretamente.
A carreira solo: ousadia e tropeços
Em 1985, Mercury lançou Mr. Bad Guy, seu primeiro disco solo. Produção caprichada, sintetizadores em excesso, um flerte descarado com a disco. Resultado? Recepção morna. Sem a química do Queen, o álbum soava mais como vaidade do que como obra necessária.
Três anos depois, ele dobraria a aposta com Barcelona (1988), parceria com a soprano Montserrat Caballé. Um casamento improvável entre ópera e pop que só Freddie teria coragem de tentar. Para uns, visionário. Para outros, extravagante até o limite do kitsch. A verdade é simples: ousado, mas irregular.
O Queen nos anos 80
Enquanto isso, a engrenagem do Queen não parava. The Works (1984) já havia dado Radio Ga Ga e I Want to Break Free. Em 1986, A Kind of Magic embalou a trilha de Highlander e levou a banda a uma turnê europeia gigantesca.
Parte da crítica dizia que o Queen soava “fora de moda” em plena era pós-punk. Bobagem. Lotar estádios mundo afora não é exatamente sinal de irrelevância.
Os últimos álbuns: o testamento artístico
Em 1987, Freddie recebeu o diagnóstico de HIV positivo. Preferiu manter a informação restrita a pessoas próximas. Não foi negação: era a escolha de preservar a privacidade enquanto continuava a produzir em ritmo quase sobre-humano. Cada sessão de estúdio parecia carregada da urgência de quem sabia que o tempo era curto.
Em 1989, o Queen lançou The Miracle, disco otimista com músicas creditadas coletivamente, como I Want It All. Em 1991, veio Innuendo, um verdadeiro epitáfio artístico. A faixa-título remetia à grandiosidade de Bohemian Rhapsody. E The Show Must Go On, gravada quando Mercury já estava debilitado, tornou-se metáfora de resistência.
Nesse período, sua vida pessoal também se estabilizou. Depois de um relacionamento longo com Mary Austin, inspiração de Love of My Life, Freddie dividiu os últimos anos com Jim Hutton. Relações importantes, mas nunca colocadas acima da música — sua verdadeira confissão sempre esteve no palco e no estúdio.
Em 23 de novembro de 1991, Freddie finalmente confirmou publicamente sua condição em comunicado. Um dia depois, em 24 de novembro, morreu em Londres, aos 45 anos. O impacto foi imediato e global.
O tributo e a eternidade
Em abril de 1992, Wembley voltou a ser altar: o Freddie Mercury Tribute Concert reuniu Elton John, David Bowie, Metallica, Guns N’ Roses, George Michael e muitos outros. Não foi só homenagem. Foi a confirmação de que Mercury já pertencia ao panteão definitivo do rock.
O Queen seguiu em frente com Paul Rodgers e depois Adam Lambert. Mas não existe “substituição” de Freddie. O que vemos hoje é apenas celebração do legado.
Conclusão
Freddie Mercury foi o raro caso de artista que soube ser maior que o próprio gênero. Fora do Queen, foi ousado mas irregular. Dentro do Queen, foi eterno. Sua voz e sua presença permanecem como parâmetros definitivos de um frontman — e, provavelmente, sempre permanecerão.
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Questões que não querem calar
Quando Freddie descobriu a doença?
Em 1987, mas preferiu manter a informação em privado até novembro de 1991.
Os discos solo de Freddie foram um fracasso?
Mr. Bad Guy vendeu pouco e foi ignorado pela crítica. Já Barcelona ganhou status cult, especialmente após sua morte.
O Queen estava em decadência nos anos 80?
Críticos diziam que sim, mas hits como Radio Ga Ga e I Want It All — e estádios lotados — provam o contrário.
Qual foi a última gravação de Freddie?
Entre as últimas está Mother Love, concluída por Brian May após sua morte.
O Queen sem Freddie ainda é Queen?
Não. É apenas celebração do legado. A essência morreu com ele em 1991.
Por Rafael Drummond
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